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Bricolage da Escrita

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A DEMOCRATIZAÇÃO DO ÓCIO

É sobejamente conhecida (por crentes e não crentes) a passagem bíblica que remete para a criação do mundo por Deus. Aí se diz que, ao 7.º dia, agastado por tamanha trabalheira (somos nós a presumir), Deus se teria remetido a um merecido descanso! Não sabemos propriamente o tempo que ficou confinado a esse estado, mas provavelmente, pela exigência (teórico-prática) do empreendimento, não teria sido por pouco tempo! Como não temos testemunhas oculares, resta-nos a mera especulação, convictos, todavia, de que não estaremos muito longe da verdade! Deus privilegiou, assim, depois da sua tarefa semanal, o ócio. A origem e/ou natureza do ócio é, por isso, divina; Deus, tanto quanto se sabe, não o enjeitou.  De qualquer modo, da nossa parte, queremos, desta vez, falar de uma outra dimensão do ócio: como via transformacional da mundividência.

Nas sociedades grega e romana antigas, a escravatura estava não só juridicamente institucionalizada, como era, também, ética e socialmente bem acolhida. Assim, os escravos asseguravam, de forma natural, o trabalho.

Para aquelas sociedades, o trabalho era visto, segundo uma parte considerável de historiadores, como atividade menor. Sendo realizado pelos escravos, criava-se, por esse motivo, tempo para que uma minoria pudesse dedicar-se, integralmente, à “produção” e/ou criação de riqueza espiritual, onde se incluía especialmente o conhecimento, a arte e a política. Por outras palavras, diríamos que, desse modo, estava assegurado "tempo livre" para o exercício de uma determinada praxis, apodando-se esse tempo, de ócio! 

Naquela época antiga, o ócio constituía-se, pois, como oportunidade de alguns se consagrarem, totalmente, a uma atividade considerada superior, ou seja, de cariz intelectual!  Com origem no espanto, na admiração, os primeiros filósofos tinham, como tarefa única, a busca ininterrupta e desinteressada da verdade. O conhecimento era um verdadeiro ato de amor.

Quer para os gregos, quer para os romanos da idade antiga, o ócio era uma condição sine qua non de realização do ser humano; por ele e através dele, o homem exercia o seu direito de cidadania! Naquela época, o conceito de cidadania (ainda muito redutor), excluía não só os escravos, como as mulheres.

Em Platão e Aristóteles, por exemplo, dois grandes filósofos da antiguidade grega, o ócio era visto como condição necessária para que alguns, designadamente os filósofos, pudessem, livremente, dedicar-se à procura da verdade, encarada, essa sim, como “prática” autenticamente nobre.

É no ócio que o filósofo tem, então, a possibilidade de procurar, liberto de qualquer outra tarefa, o verdadeiro conhecimento. Por serem detentores da autêntica sabedoria, os filósofos podiam, por exemplo, exercer a governação. Platão chegou, inclusive, a defender, na sua obra “A República” que, pela sua preparação intelectual, pela sua íntima ligação à verdade, apenas o filósofo estaria preparado para assumir o poder de governar.

Para os que suspeitam das virtualidades do ócio, sempre se diria que não consta, tanto quanto nos é dado a conhecer pela história da antiguidade grega e romana, que os homens bafejados pela sorte de desfrutar do ócio para a produção do conhecimento, tivessem sido vítimas de algum tédio, vazio existencial ou estados de depressão. Também não há registo de que o ócio tivesse sido causa de eventual exaustão e, por esse motivo, dado origem a qualquer tipo de síndrome de Burnout! Os que gostam de colocar um pouco de humor nestes assuntos, dirão que a esperança de vida das pessoas, naquela época, também era curta, não lhes dando tempo, quiçá, para poderem sofrer ou padecer desses males!

Ninguém, com o mínimo de respeito pela natureza humana é, nos nossos dias, favorável à existência da escravatura. Além de repugnante, é inaceitável sob qualquer ponto de vista. Certamente que, mesmo hoje, existem formas subtis de escravatura. Não temos dúvidas. No entanto, não é esse, o objetivo da nossa reflexão.

O que nos parece razoável, à luz da revolução tecnológico-digital que vivemos, é termos esperança de que o homem, por via das potencialidades das novas tecnologias, possa beneficiar do ócio, de mais tempo para a realização da sua criatividade, mas também para enriquecer, do ponto de vista social, a sua dimensão relacional (em contexto familiar, com os amigos e com os outros, em geral).

Quando nos queixamos da falta de tempo para atividades que gostaríamos de realizar, que podem ir desde viagens à realização de projetos no âmbito do conhecimento, de natureza artística, mas também à disponibilidade para encontros mais regulares com a família e com os amigos, estamos a reconhecer, para almejar esse desiderato, a necessidade do ócio, de tempo livre.  Esta ilação parece ser mais ou menos consensual.

A era tecnológica pode, é a nossa convicção, democratizar o ócio. Em vez de, como na idade antiga, ser uma prerrogativa de alguns “eleitos”, o ócio seria um direito acessível a todos; tornar-se-ia “trivial”, popular!  E o ócio, como já se percebeu, não é, necessária e fatalmente, sinónimo de não fazer nada. Não. É uma forma de ocupação e/ou de realização de cada um de nós, numa perspetiva mais humanista! Enquanto proposta de ação/atividade, o ócio contribui para, no mínimo, mitigar a visão utilitarista e de lucro que carateriza, de um modo geral, a nossa sociedade.

Legitimamente, perguntar-se-á, como fazer do ócio uma oportunidade de realização humana. Cremos que as máquinas podem realizar (com algumas exceções), o que em épocas remotas, como na antiguidade greco-romana, era executado pelos escravos. As máquinas devem, pois, ser pensadas como “instrumentos” capazes de realizar determinados trabalhos ou, pelo menos, aptas a diminuir (tanto quanto possível), o tempo utilizado nas nossas ocupações ditas laborais; libertarem-nos, progressivamente, de tarefas que não exigem o nosso contributo. 

Faltou-nos dizer, aquando da referência aos primeiros filósofos que, foi em resultado do ócio que a humanidade conheceu os maiores avanços e progressos científicos, filosóficos e da cultura em geral; liberto dos afazeres mais “pesados” e das preocupações do quotidiano, o filósofo da antiguidade, elegeu como principal atividade, a “exploração” contínua do conhecimento, sem privilegiar, necessariamente, o lucro ou a sua hipotética utilidade.

Impõe-se, cada vez mais, a aprendizagem de um conceito de utilidade que vá para além de uma conceção comummente associada a pragmatismo, a resultados práticos, de preferência, imediatos, ou a imperiosa ligação a objetivos quantificáveis e privilegiadamente lucrativos.

Urge aprender o significado e alcance de um projeto de vida capaz de reconhecer e cultivar a utilidade do inútil, da procura desinteressada do saber e do conhecimento. Vejamos como Eugène Ionesco, citado por Nuccio Ordine, em “ A Utilidade do Inútil”, nos explica, de forma exímia, o que pretendemos afirmar: «[…] Se não se compreende a utilidade do inútil e a  inutilidade do útil, não se compreende a arte; e um país onde não se compreende a arte é um país de escravos e de autómatos , um país de pessoas infelizes, de pessoas que não sorriem, nem riem, um país sem espírito[…].»  Entendemos, tal como Ionesco, que o ócio deve ser um tempo único para experienciarmos a “utilidade do inútil e a inutilidade do útil.”

Não vamos, desta vez, refletir os conceitos de utilidade e de inutilidade. Por ora, não!  Apenas queremos reafirmar que o sentido da nossa vida não pode estar enclausurado, aprisionado, num conceito redutor de utilidade, ou seja, apenas associada a pragmatismo, materialismo, eficiência e eficácia. A chamada vida ativa tem maior probabilidade de sucesso, quando for capaz de reconhecer e acolher, sem resistência, a vida contemplativa que se manifesta especialmente no ócio.

O ócio é uma condição necessária à nossa existência, porque pretende apelar ao nosso crescimento e transformação pelo amor gratuito e desinteressado ao que fazemos, conhecemos e construímos. Crescemos não pelo que possuímos, mas através daquilo que somos. Ou seja: o ócio emerge como condição que potencia uma existência humana que rejeita, sobretudo, o extremismo utilitarista. Montaigne, citado por Nuccio Ordine, é, nesta matéria, lacónico, mas sentenciosamente esclarecedor: «É desfrutar, e não possuir, que nos torna felizes». E o ócio facilita uma existência cujo ideal, como defende Montaigne, deve ser de pendor qualitativo, humanista.

Quando se diz que um dos maiores desafios da humanidade é, nos nossos dias, humanizar as novas tecnologias, uma das vias pode passar, justamente, por colocar as máquinas ao serviço do homem, libertando-o para a realização da sua natureza essencialmente espiritual, ou seja, potenciando a sua criatividade ao serviço do conhecimento (no seu sentido mais amplo) e da arte, mas também da solidariedade e disponibilidade para com os outros.

A Suécia reduziu a jornada diária de trabalho para seis horas. Admite-se, num futuro próximo, a redução, inclusivamente, da duração dos dias da semana dedicados ao trabalho. Uma das consequências imediatas destas medidas é, obviamente, a disponibilidade para outras ocupações mais consentâneas com o ócio! O ser humano deve assumir-se como um projeto multidimensional; ele não é exclusivamente homo faber, nem apenas homo economicus!

Foi notícia, há pouco tempo, a abertura de um supermercado no nosso país, repleto de sensores e de câmaras, mas sem pessoas. Entramos, compramos e saímos, apenas controlados e vigiados por câmaras estrategicamente distribuídas nesse espaço. Era manifesto, na notícia, o orgulho do acontecimento, como se se tratasse de uma inovação sem paralelo e imune a qualquer crítica.

Não está em causa, naturalmente, o eventual benefício e/ou vantagem de tal inovação. Parece-nos é que o homem deve manifestar e/ou exibir, de igual modo, o mesmo orgulho e interesse em encontrar soluções tecnológicas para promover o emprego, para evitar a fome, as desigualdades sociais, a exploração da mão de obra infantil, para combater o tráfico humano, a poluição ambiental…!  O mesmo é dizer que precisamos de inovações e/ou de soluções tecnológicas (ou outras) que contribuam para promover a dignidade humana, não descurando, nesse âmbito, a importância do ócio.

Já agora, acrescentar-se-ia, que talvez fosse salutar, no campo da educação, que a escola preparasse as nossas crianças e alunos para a importância do ócio!  Desde que estejamos a referir-nos ao ócio como oportunidade de o homem aprender, essencialmente, a ser.

A escola deve ir muito mais além de mera preparação das crianças e dos alunos para o eventual exercício de uma profissão. Sábias e pertinentes são, a propósito, as palavras de Nuccio Ordine: «[…] Nenhuma profissão poderá ser exercida de modo consciente se as competências técnicas que ela requer não se subordinarem a uma formação cultural mais vasta, capaz de encorajar os discentes a cultivarem o espírito de forma autónoma e a darem livre curso à sua curiositas […] Sem essa dimensão […] totalmente afastada de qualquer forma de utilitarismo, seria muito difícil […] continuar a imaginar cidadãos  responsáveis, capazes de pôr de lado os seus egoísmos  para abraçar o bem-comum, para exprimir a solidariedade, para defender a tolerância, para revindicar a liberdade, para proteger a natureza, para apoiar a justiça[…]».

Pode-se considerar estapafúrdia a defesa da ideia de que a escola deve preparar para o ócio. Pois bem, não sejamos tão ligeiros nessa apreciação! Podemos estar, inclusivamente, a trair a etimologia grega da própria palavra (escola).

Na verdade, a origem grega de escola – Skholé- significa, curiosamente, tempo de “lazer”, de ócio! Nas primeiras “escolas”, aprendia-se, dialogando ou conversando uns com os outros. Exemplos paradigmáticos são a “Academia” fundada por Platão e, mais tarde, o chamado “Liceu”, fundado pelo seu discípulo – Aristóteles. Aliás, é sobejamente conhecido o facto de os aprendizes frequentadores do Liceu de Aristóteles, serem designados de peripatéticos! Não, não era por serem excêntricos! O motivo estava relacionado com o facto do processo de ensino e de aprendizagem se desenvolver enquanto discípulos e mestre iam caminhando; privilegiava-se a discussão e problematização do saber, o debate de ideias, ao ar livre!

Atrever-nos-íamos a afirmar que, para a época, estamos perante uma metodologia autenticamente vanguardista! Em última instância, a escola (incluía também laboratórios e bibliotecas), naquele tempo, era um espaço de oportunidade(s) para desenvolvimento e transformação do ser humano através do saber ou do conhecimento. Acima de qualquer objetivo, era importante a formação integral do ser humano e, sobretudo, a promoção da sua felicidade. Não havia a preocupação primeira de preparar para uma profissão; não era prioritária, ainda, a vertente utilitarista de escola que, grosso modo, hoje temos.  O ensino no liceu de Aristóteles tinha uma forte componente ética, filosófica, sem descurar, no entanto, a vertente prática do saber.

Certamente que, imbuídos de uma cultura eminentemente materialista e, como já se referiu, marcadamente utilitarista, é expectável que prevaleça o ceticismo em relação a um projeto que apela ao ócio como uma das vias a privilegiar na realização multidimensional do ser humano.

Alguns precipitar-se-ão, inclusive, para, de forma depreciativa, ver este desafio como romântico ou utópico. Escarnecerão, até, de tal “loucura”! Provavelmente, serão os mesmos que apregoam aos quatro ventos que urge, como se ouve frequentemente dizer, “pensar fora da caixa”! Ora, esta máxima exige do pensamento, ousadia, rotura com o status quo, utopia! Solicita, ainda, abertura e compromisso com uma mudança transformacional não só na conceção de trabalho, mas também na forma de organização sociocultural, bem como na disposição para aceitar uma nova hierarquia valores. Claro que valorizar o ócio, implica a aceitação de metamorfoses culturais dolorosas!

Fazer tábua rasa, à boa maneira de Descartes, das nossas convicções, das nossas velhas visões do mundo e da vida, com o intuito e/ou vontade genuína de construir novos alicerces sobre os quais se poderiam erigir novos horizontes, não está, infelizmente, ao alcance de qualquer um. Parafraseando o Zaratustra de Nietzsche, talvez não estejamos, ainda, preparados para “esvaziar o mar”, ou seja, decididos a prescindir de ideias feitas, ancoradas nos preconceitos e na resistência à mudança! Mesmo quando há evidências de que essa mudança engrandeceria e dignificaria o homem.

Não há motivo ou razão para que, hoje, possamos recear os efeitos do ócio na nossa vida, como se nos pudesse levar à perdição existencial consubstanciada nalgum tipo de tédio insuportavelmente doentio! Não caiamos, portanto, na tentação fácil e infundada de o demonizar.

Também será um juízo precipitado ver no apologista do ócio, um inimigo do trabalho. Não se pretende, obviamente, pôr em causa a importância ou o valor do trabalho. Sabemos, por exemplo, que, sobretudo com a situação pandémica, aumentou substancialmente o recurso ao teletrabalho, originando o êxodo de trabalhadores de zonas urbanas para outras áreas geográficas do país que, alegadamente, davam maiores garantias de conciliar o trabalho e o lazer, as tarefas profissionais e o ócio! O que se defende é, assim, a assunção de um maior e intencional equilíbrio entre o ócio e o trabalho.

O ócio deve constituir-se como um direito essencial, à semelhança de outros, como o emprego, reconhecendo-se-lhe manifestas vantagens no bem-estar integral de cada um de nós! E não deve ser encarado como uma pausa para o consumo e para, depois de um tempo considerado de relaxamento, voltarmos revigorados ao trabalho. Isso seria estar a retirar o verdadeiro sentido e alcance ao ócio de que temos vindo a falar.

O exercício da liberdade criativa, num clima de tranquilidade, sem a sofreguidão da pressa, é a melhor expressão ou manifestação do ócio.  De forma magistral, assim nos parece, G. Simmel, sociólogo alemão, citado por Byung-Chul Han, na sua obra “O Aroma do Tempo”, diz o seguinte: «[…] a história não tem por conclusão uma sociedade de “plena atividade”, mas uma sociedade do ócio.» Se ainda tivéssemos dúvidas sobre o “nosso” ócio, estão, agora, dissipadas.

No ócio não assistimos à caducidade ou brevidade dos bens, mas descobrimos outra espécie de bens cuja essência é a sua durabilidade, a perenidade, a serenidade, a duração. Não resistimos a complementar esta ideia através de Byung-Chul Han: «[…] O tempo do trabalho, o tempo como trabalho, não tem duração. Consome o tempo produzindo. A perdurabilidade e o sossego recusam o uso e o consumo. Criam uma duração. A vita contemplativa é uma praxis da duração. Gera outro tempo, interrompendo o tempo do trabalho.» Não podemos deixar de agradecer e parabenizar o autor por esta forma única e fabulosa de caraterizar o verdadeiro ócio.

A valorização do ócio pode ser um dos caminhos para não nos deixarmos sufocar por uma conceção de vida profundamente arreigada num utilitarismo fundamentalista, no consumismo exacerbado e, particularmente nos últimos tempos, na confiança incondicional e acrítica das potencialidades tecnológicas e digitais!

Por fim, e para concluir, torna-se particularmente relevante, para caminharmos rumo a uma sociedade que se quer verdadeiramente humanista, consciencializarmos a importância da disponibilidade e abertura do homem a novas ideias e a novas oportunidades para a sua realização, especialmente concebida como projeto multidimensional e em mudança! Esta perspetiva leva-nos a revisitar Heraclito, um dos pré-socráticos da antiguidade grega, para quem a realidade, entendida no seu sentido mais amplo, está num perpétuo devir. Marco Aurélio, no seu livro Meditações, não só concorda com o filósofo, como é, nessa matéria, bastante assertivo: «O destino de tudo é a mudança, a transformação, deixar de ser. Para que, assim, novas coisas possam acontecer.»”

Deixemos, então, que o ócio aconteça!

 

Jota Eme

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